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quinta-feira, 18 de setembro de 2008

GREEN MACHINE "PLAYS GHOST" PELO BODY SPACE


"Há algum tempo que não se escutava um disco que convencesse tão rapidamente alguém a converter as notas acumuladas nos bolsos em fichas para arriscar em jogo. A vitalidade e fulgor ofensivo de Plays Ghost fazem dele a chave na ignição e factor útil ao desequilíbrio de que necessitam as situações de risco para serem resolvidas: actua como advogado do diabo quando a mesa de poker é vertigem, injecta atitude e confiança nos passos de quem se lançar em direcção à morena de franja simétrica que mais olhares vitima no (ca)bar(et) em que se encontra sentada ao balcão (com postura de “Almodóvar Kind of Girl”).

Plays Ghost é decidido e bem esgalhado. Peca a cada vez que concentra energias num rock capaz de contagiar o público dos programas apresentados por Johnny Carson, redime-se quando se ajoelha para considerar os blues como possível salvação (ou adicional desgraça). Tem o aspecto de disco de tudo ou nada para os Green Machine, quarteto de Barcelos que tem papado léguas de estrada como quem foge de um coiote que se costuma dar mal com explosivos.

Além de ser um passo de gigante em relação ao EP de estreia Themes for the Hidebounds, o álbum pintado a preto e branco – tingindo de tons verdes - conta sofisticação e colaborações especiais (Francisco “Old Jerusalem” Silva, Luís “The Astroboy” Fernandes) que quebram a rotina e, em simultâneo, encobrem uma certa falta de novidade perceptível a cada vez que o rock fica de frente para o seu beco sem saída. Se bem que a reinvenção do género não é missão que se espere ver cumprida por um Plays Ghost, mesmo assim, fiel às tradições que persegue e promissor em relação à electricidade colocada à solta nos concertos efectuados no seu âmbito. É um disco com a sua própria medida de charme suado e segredos. Ou seja, o que se passa em Plays Ghost fica em Plays Ghost. É bem provável que eu já me tenha excedido no que devia ser revelado."

Miguel Arsénio
migarsenio@yahoo.com
26/06/2008

BodySpace.net


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